Lucas Paquetá, Ronaldo, Felipe Vizeu e ao fundo Léo Duarte na academia do Flamengo - Foto: Gilvan de Souza
Um dos
grandes clichês quando se fala do Campeonato Brasileiro, junto com dizer que
“os pontos corridos premiam a regularidade” e “o Internacional vem forte esse
ano”, é falar da “importância do elenco”. Numa competição longa, intercalada
com outras, e que ainda tem uma janela europeia de transferências no meio, com
certeza vai levar vantagem o clube que não apenas montar um bom time, como se
cercar de bons reservas que possam substituir o goleiro machucado, o lateral
convocado, o meia que caiu de produção, o atacante que foi vendido pra China
por uma valor acima do PIB estimado de algumas pequenas nações do Caribe e vai
voltar em seis meses dizendo que não se adaptou.
Em
tese, o projeto do Flamengo para 2017 passava por isso. Num ano cheio de
competições importantes, a diretoria prometeu formar um grupo com atletas para
suprir todas as posições, recursos para todas as emergências, mão de obra
humana para toda e qualquer eventualidade. Mas como qualquer um pôde perceber,
a partir da primeira vez em que começamos a atuar com 4 laterais em campo por
falta de atacantes e meias, as coisas não saíram exatamente dentro do
planejado.
E
depois de um jogo como esse contra o Atlético-PR, em que mais uma vez
peças-chave da equipe falharam em momentos importantes, fica a questão: faltam
ao Flamengo os atletas para realizar as funções dentro de campo, ou ele apenas
não vem sabendo usar os jogadores que tem e aproveitar os recursos disponíveis
no próprio grupo?
O
mesmo vale para o meio-campo. Se Márcio Araújo está tão disperso que em algum
momento vai vestir a camisa ao contrário e William Arão obviamente viveu algum
momento Space Jam em que tocou numa bola a pedido de um pequeno alienígena e
perdeu todo seu futebol, não seria a oportunidade para que Cuellar entrasse
mais, ou Ronaldo fosse testado? No ataque, Lucas Paquetá não vem fazendo por
merecer mais chances, assim como Vizeu não poderia ser aproveitado numa
formação com dois atacantes? Isso sem falar em Vinícius Jr, que, com 16 anos,
já mostra ser talvez uma das melhores opções para o ataque pelo lado do campo?
Não
que o Flamengo não precise de reforços. Se pudéssemos receber um goleiro, um
zagueiro e um atacante de seleção, nenhum de nós iria reclamar. Mas para
receber um goleiro reserva do Corinthians, um zagueiro mediano que não se deu
bem lá fora ou outro atacante que vá disputar posição no mesmo nível que o
Gabriel, com certeza faz mais sentido buscar as soluções dentro do elenco,
confiar no potencial da molecada, parar de desempatar as disputas por posição
usando o critério de quem é mais velho, como se o 11 inicial do Flamengo fosse
alguma espécie de concurso público em que alguns atletas não só já passaram,
como também têm estabilidade e por isso decidiram que vão apenas comparecer pra
colocar o paletó em cima da mesa.
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